A casa, objeto de atenção especial para os arquitetos modernos, foi uma preocupação teórica e concreta nas tentativas de mudar os modos de vida das populações urbanas. Contudo uma pergunta nos ronda com frequência ao observar as propostas para habitação da primeira metade do século XX: poderiam casas modernas tornarem-se lares modernos? Se esta pergunta parte da análise dos projetos e dos espaços construídos, uma outra trata da apropriação, usos e práticas doméstica ao longo dos anos: que transformações foram realizadas para adaptá-la às novas vivências do século XXI? Partindo disto, este livro analisa a organização espacial dos conjuntos habitacionais com apartamentos duplex e busca entender o uso da casa pelos seus moradores, especialmente pelas mulheres. Personagens atuantes na história cotidiana da casa, as mulheres foram colocadas pela história oficial como as responsáveis pelas dinâmicas do lar e pelos cuidados com os filhos. Desde o final do século XIX, passaram a ser investigadas a partir de suas rotinas, seus movimentos, seus desgastes físicos e mentais diários e sugeriram outras possibilidades de desenhos para espaços e objetos da vida doméstica. A proposta do livro insere-se de modo direto na discussão que tem ganhado força nos últimos anos: questões de arquitetura, gênero e domesticidade. Ao longo dos capítulos são discutidos os papéis que as mulheres ocuparam, seja na fase de projeto ou nos anos de vivência e apropriação. O livro traz também investigações sobre a preservação desses espaços físicos, olhando para as adaptações realizadas de maneira a atender às demandas da vida atual e dos moradores desses espaços tão característicos de um modo de vida vinculado ao século XX.