Residência Armindo Tancredi
Premio de participación: Premio Panamericano
Categoría de participación: Vivienda Unifamiliar
País de representación: Brasil
Autores:
Arq. Armindo Tancredi Rodrigues
Memoria
O projeto consiste em uma residência unifamiliar para fins de veraneio, nos arredores da cidade de Búzios, Estado do Rio de Janeiro. Considerou-se, no partido arquitetônico, as características próprias de uma casa de férias de classe média, propondo-se informal, aberta, integrada à natureza, de fácil manutenção e de construção econômica. Nesse sentido, a organização dos compartimentos ocorreu com alto grau de compacidade (eliminando setores exclusivos de circulação), privilegiando-se as áreas de convívio internas e externas, e tendo na transparência do vidro o conceito fundamentador do projeto. Foi igualmente determinante a implantação da construção no lote, no que se refere à integração com o entorno construído do condomínio e à criação de vistas para os jardins. O alinhamento ortogonal das alvenarias e planos de vidros, em relação às divisas, equiparou-se à diretriz adotada pelas implantações vizinhas e maximizou as áreas disponíveis para jardins.
O sistema estrutural consistiu em técnica construtiva mista, com pilares compostos por alvenarias autoportantes e treliças verticais de madeira, de forma a resistir a todos os esforços incidentes. Vigas de madeira e o piso do segundo andar em painéis Wall (composto de compensado e fibrocimento sem amianto), complementam o sistema. Nas alvenarias foram utilizados “eco-tijolos” (blocos não cerâmicos de argamassa de cimento e saibro, sem combustível fóssil na fabricação), com recheio em concreto armado. As peças de madeira possuem certificados de extração controlada e as ripas, que compõem os decks das varandas e pérgulas, foram reaproveitadas das formas da infraestrutura de concreto. Na cobertura, utilizou-se telhas forro termoacústicas em aço galvalume, com miolo em poliuretano expandido. A leveza das telhas facilitou a execução e diminuiu significativamente a quantidade de estrutura de suporte. A racionalização dos procedimentos construtivos e os materiais utilizados (majoritariamente pré-fabricados), reduziram o retrabalho e o desperdício, proporcionando economia aproximada de 25% nos custos da obra, além de encurtarem o tempo de construção.
Além da função estrutural das alvenarias, elas se configuram como brise soleils verticais e horizontais, sombreando os planos de vidro e também servindo como barreiras contra os ventos excessivos da região. Outro elemento para promoção do conforto térmico são as venezianas que compõem o fechamento das tesouras do telhado e que liberam a circulação do ar aquecido sob as telhas.
Um projeto de arquitetura é sempre fruto de suas demandas e das respectivas soluções adotadas. E essa residência poderia ser majoritariamente caracterizada pela fluidez do vidro conformando o paralelogramo principal, não fosse a contraposição das alvenarias a sessenta centímetros da caixa envidraçada. Por via dessa contraposição, as referências podem ser várias e até contrastantes, se pensarmos no modernismo, no desconstrutivismo e até em uma arquitetura orgânica. Desconstrutivista não só pelas alvenarias descoladas dos planos de vidros, mas pelas pérgulas e compartimentos “explodidos” do corpo principal; orgânica pela “verdade dos materiais” utilizados in natura. No entanto, parece prevalecer a dialética entre essas concepções arquitetônicas, em uma forma (ou estética) não totalmente decorrente da função ou da técnica, mas fruto também de busca intencional e da experimentação.